Ao publicar Versos vagabundos, Fragmentos de Mármore sob a chancela da Editora Lema d’Origem, a Autora pretendeu essencialmente prestar homenagem à terra em que nasceu e viveu até ao final da adolescência. Transferindo-se sucessivamente para Coimbra e para Lisboa, e, depois, para Paris, estes versos espelham as vivências dessas deambulações, ritmadas por retornos, ausências, em sempiterna inquietação. Nas suas deslocações para Nancy, onde leccionou, ou para Itália, onde a sua obra académica está profundamente ancorada, jogam-se interstícios da memória, numa ambivalência constante entre as luzes do Norte e a atracção pelo Sul, e a incomparável arte da Beleza. E, no entanto, a terra natal é sempre evocada, a infância surgindo intacta por entre as luzes tamisadas do Norte e os fragmentos dispersos do mármore das estátuas, tempo esculpido para além do Tempo, memória perdida e sempre reencontrada.
Versos Vagabundos, Fragmentos de Mármore
10.00 €
Embora, o saudosismo possa ser um sentimento interessante e a consulta ao passado uma excelente lição, a tentativa de o reviver constitui uma utopia, comportando a consequência última de todas as utopias que é a desilusão, além de outros prejuízos associados. A ilusão de que a vida de outros tempos se pode repetir é frequente, sobretudo em épocas de crise, quando o presente se apresenta adverso. No entanto, o tempo não admite repetições e qualquer redundância restauracionista é pura fuga à realidade.