Está-se em Lisboa, na década de 60 do século XXI. Para trás ficaram as pandemias e guerras dos anos 20 e o grande sismo de 2030, tal como as desordens públicas verificadas durante as movimentações caóticas das populações em tribulação.
O título corresponde à designação de um programa mediático, tendo por finalidade configurar os erros políticos e sociais do progressismo democrático e exaltar o regime do Novo Sistema enquanto alternativa ideológica e programática.
Exceptuando, talvez, a Afro República da Amadora, vive-se uma existência entediante marcada por uma profunda solidão individual, onde os vícios e as taras sobreviventes do passado recente se somam às incongruências de uma nova concepção social, sem objectivos nem aliciantes.
A noção de sagrado, com o respectivo sentido de Humanidade, foi totalmente liquidada pelo novo poder exponencial e pela espectacularidade de uma tecnologia em permanente evolução. A Fraternidade Transhumanista de Setúbal manipula as estruturas psicológicas, por via de implantes bio electrónicos, prefigurando grupos populacionais pós-humanos.
Subvertendo a sucessão cronológica, manifesta-se uma espécie de elasticidade do tempo, que confunde passado, presente e futuro numa unidade atemporal, situação ambígua e inquietante em que se move o casal responsável pela produção da série documental “Autópsia de um Equívoco Histórico”.